quinta-feira, 23 de junho de 2011

A CHAVE DE SARA

O livro A chave de Sarah é fascinante. Mais... surpreendente!
A história acontece na França, Paris em 1942, e relembra o episódio Vélodrome D'hiver. Para nós, brasileiros, não é conhecido, mas a história se encarrega de mostrar as atrocidades cometidas também pelos franceses na época da perseguição aos judeus. O livro narra a história de uma família judia que é presa por soldados franceses e levada ao campo de concentração juntamente com outras famílias. Esse acontecimento foi real, embora a história da família,  do livro em questão, seja ficcional. É chocante! As cenas com verossimilhança das torturas a homens, mulheres e crianças são fortíssimas, tratados com requintes de crueldade. Crianças sendo separadas de seus pais, maridos de suas mulheres... E nesse cenário Sarah tenta escapar para cumprir a promessa que fizera a seu irmão mais novo, Michel, de que voltaria para buscá-lo, tirá-lo do armário onde ela o escondera por ocasião da entrada dos oficiais alemães e franceses em sua casa.
No filme, de mesmo título da obra impressa, é visível a criatividadede de Sarah e a luta dela para proteger seu irmãozinho. Ela carrega a chave do armário e toma todo cuidado para não perdê-la e só pensa em voltar para casa para salvar o pequeno Michel. Tanto o livro, quanto o filme nos deixa com uma certa angústia empática. Ela possuía a chave, mas o tempo era implacável. Cada dia passado, dava a impressão de que Michel não tivesse boas esperanças. Doeu demais enfrentar cada fato, mas valeu tanto a pena, pela ciência de uma parte da história que nunca havia ouvido falar, até por que os franceses tentaram esconder e pela história criada com tanto esmero pela autora.
A chave de Sarah hoje, abriu uma porta do meu coração... a parte que reflete sobre a forma como o ser humano leva a vida sem pensar no outro...

segunda-feira, 28 de março de 2011

GARAPA: NÃO É SÓ ÁGUA COM AÇÚCAR!

A ideia de que 'água com açúcar' acalma os nervos, comprovadamente é crendice popular. Tudo bem! Os cientistas, estudiosos provaram, mas há quem use mesmo assim em momentos de adversidades. E não é que acalma? A pessoa toma um gole e acredita, tem fé, mesmo que não queira de que aquela 'garapa' faz efeito. 'Água com açúcar' também é utilizado como expressão de que algo ou alguém não tem muita graça. Ou então, para um romance em que tudo é previsível e que segue a receita 'mulherzinha' em que a mulher, mocinha, sempre acaba com o mocinho, isso, depois de muito sofrer.
'Água com açúcar' é o ingrediente que chama a atenção  do telespectador, usado no lugar do leite para 'acalmar' a fome das crianças retratadas no documentário GARAPA. José Padilha, produtor desse documentário, após conversas com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas(IBASE) é impulsionado a fazer o filme sobre as famílias que sofrem o drama da fome no Nordeste. O nome refere-se ao 'suplemento alimentar' que as famílias utilizam para a falta de uma alimentação mínima e adequada. 
Embora os programas do governo, Fome Zero e Bolsa Família, sejam mencionados diversas vezes no filme, o foco principal não são os programas e sim como famílias conseguem sobreviver com tão pouco no dia-a-dia. É interessante que Padilha não fica alheio ou indiferente à situação. Em alguns momentos é perceptível a sua resignação diante do drama. E funciona como uma tentativa em conscientizar a sociedade brasileira e outros olhares a respeito do problema da fome e extrema pobreza, partindo do ponto de vista das suas próprias vítimas. Essas, são três famílias cearenses: uma que vive na periferia de Fortaleza, uma no interior, cidade de Choró e uma outra na área rural.
"Garapa' fala das famílias que estão em situação deplorável, no fundo poço. A realidade mostrada são de três, mas com base no IBASE, o documentário afirma que 11,5 milhões de pessoas estão nessa condição. Uma das famílias é a de Lúcia, mulher sem identidade e por conta disso tem dificuldades em receber provisão do Bolsa Família e que recebe esmolas de vizinhos. Mulher sofrida, com três filhos e emocionalmente desestruturada e como se não bastasse sob constantes insultos do marido, um bêbado, que até vende aquilo que a mulher ganha para sustentar seu vício. Aliás os 'protagonistas' desse documentário, são mulheres. São elas que se encarregam em dar aos filhos o que podem, o que conseguem, e é claro, a garapa. Outra família é a de Rosa, cadastrada no programa do governo e diz ser sua única fonte de renda. Lembrando que o repasse do Bolsa Família é de R$58,00(cinquenta e oito reais) mensais para um grupo de mais de 5 pessoas.
Não há como ficar alheio. Não há como somente usar o documentário como informação.
Tive a impressão de que nem um copo com açúcar poderia me acalmar quando a tela da minha televisão ficou branca. E que tudo aquilo que eu acabara de assitir não era nada 'água com açucar'.